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Rio Tietê

Histórico do Rio Tietê

Rio Tietê - Barra Bonita (1)O rio Tietê nasce a uma altitude de 1.030 metros da Serra do Mar, no município paulista de Salesópolis, a 22 km do oceano Atlântico e a 96 km da Capital. Ao contrário de outros rios, ele subverte a natureza: como não consegue vencer os picos rochosos rumo ao litoral, em vez de buscar o mar - como a maior parte dos rios que corre para o mar – o Tietê atravessa a Região Metropolitana de São Paulo e segue para o interior do Estado, desaguando posteriormente no rio Paraná, num percurso de quase 1.100 km.

A nascente do Tietê, apesar de encontrada num passado recente, possui importância histórica e econômica diretamente relacionada às conquistas territoriais, realizadas pelos Bandeirantes que desbravavam os sertões, fundando povoados e cidades ao longo de suas margens.

O rio Tietê percorre 1.100 quilômetros, até o município de Itapura (SP), em sua foz no rio Paraná, na divisa com o Mato Grosso do Sul.

São 62 os municípios banhados pelo rio, e seu leito abrange seis sub-bacias hidrográficas:

  • Alto Tietê: área da nascente do rio, abrangendo a região metropolitana de São Paulo;
  • Sorocaba/Médio Tietê: abrange 34 municípios, dos quais dezesseis estão na sub-bacia do Médio Tietê;
  • Piracicaba-Capivari-Jundiaí: esta subdivisão inclui municípios paulistas e mineiros, sendo que a maioria (92,6%) são municípios paulistas;
  • Tietê/Batalha: abrange a área de Itápolis, Lins, Matão, Novo Horizonte e Taquaritinga;
  • Tietê/Jacaré: compreende 34 municípios, localizando-se no centro do estado, entre as cidades de Araraquara, Bauru, Jaú, Lençóis Paulista e São Carlos;
  • Baixo Tietê: localiza-se a noroeste do estado, indo da corredeira de Laje até a foz no rio Paraná. Há apenas uma cidade maior importância na área: Andradina.

O rio é navegável no trecho do remanso da barragem de Jupiá, em cerca de 40 km e no trecho entre a barragem de Nova Avanhandava e do remanso de Barra Bonita formando uma área de cerca de 443 km já em utilização.

Na região mais rica e desenvolvida do país, somente a cidade de Biritiba-Mirim trata 100% do esgoto coletado. Dos 34 municípios que compreendem a região metropolitana de São Paulo, 19 não fazem tratamento de esgoto, que é lançado diretamente nos córregos e rios que deságuam no Tietê. Diariamente, 690 toneladas de esgoto são lançadas no rio mais importante do Estado.

O lançamento de esgotos industriais inicia-se a 45 km da nascente na cidade de Mogi das Cruzes. Na zona metropolitana o rio encontra o mais complexo urbano-industrial do país, e conhece um de seus trechos mais poluídos, a foz do Tamanduateí.

Fonte: TIETÊ, Histórico do Rio. c2015. Departamento de Águas e Energia Elétrica. Disponível em: <http://www.daee.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=793%3Ahistorico-do-rio-tiete&catid=40%3Acobranca&Itemid=53> Acesso em: 16/05/2016

O Tietê, por Fausto Nogueira

O Tietê passou a ser considerado o curso d’água que, melhor do que qualquer outro monumento, representava o espírito da capital dos paulistas, mesmo sendo o curso preferencial de escoamento dos esgotos urbanos.

"Para contar sua história, é preciso lembrar inicialmente da evolução de São Paulo".

"Para contar sua história, é preciso lembrar inicialmente da evolução de São Paulo", como o diz o historiador Fausto Henrique Gomes Nogueira. São Paulo e o Tietê estão intimamente ligados, pela história, pela geografia, pela cultura, e também pelas dificuldades. Símbolo da cidade, trata-se de um personagem fundamental durante os períodos econômico das bandeiras, monções, da cafeicultura e da industrialização.

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Durante muitos anos, o rio foi a única via de acesso ao interior da província de São Paulo e, embora não navegável em alguns trechos, se tornou o caminho mais rápido para se atingir o Estado do Mato Grosso. Além de sua importância histórica, possui considerável significado econômico, ligado principalmente à produção de energia hidroelétrica imprescindível para o maior parque industrial da América do Sul. Também foi um local de lazer e entretenimento, porém, desrespeitado pela cidade, se transformou em “esgoto a céu aberto”.

São Paulo foi fundada em 25 de janeiro de 1554, quando se ergueu o colégio dos jesuítas em local alto - uma colina com visão abrangente e excelente para a segurança - que deu origem ao povoado de São Paulo de Piratininga.

Até o século XVII, o Tietê era chamado de Anhembi. Historiadores e homens da época consideram que o nome é derivado de uma ave muito comum na região, as anhumas, significando rio das Anhumas. Com o passar do tempo, percebe-se que o Tietê é um local de incursão, tendo em vista a pobreza da capitania, pouco ligada à metrópole. O sertão parece fornecer a possibilidade de riqueza. O rio era misterioso, pois corria terra à dentro. Inicia-se o Ciclo das Monções.

As monções eram expedições fluviais povoadoras e comerciais que partiam do porto de Araritaguaba, na cidade paulista de Porto Feliz, região de Sorocaba. A expressão significa vento favorável à navegação. A descoberta das minas nas cercanias de Cuiabá iniciou o período de grande euforia das Monções. Nessa época, o Tietê foi o caminho dos aventureiros que, em busca do sonho dourado, fundavam povoados à sua margem. Na manhã da partida era rezada uma missa para o sucesso da missão. Todos iam ao porto onde as embarcações recebiam a benção.

A monção partia com salvas de mosquetes e aclamação da multidão que observava as margens do rio. As viagens eram perigosas e nos rios, cheios de obstáculos, costumavam acontecer naufrágios, doenças, ataques de índios. As comitivas de canoas partiam com dezenas e até centenas delas saíam de Araritaguaba (ou Porto Feliz).

A imaginação supersticiosa dos caboclos mamelucos envolvia a existência de lendas sobre o rio Tietê com seus seres sobrenaturais como o “Monstro de Pirataca”, representado por uma enorme serpente que habitava as profundezas escuras à jusante no salto de Avanhandava e que devorava homens com apetite voraz. Havia também a “Canoa fantasma” que aparecia soturnamente nas manhãs nevoentas com sua tétrica tripulação ora subindo ou descendo o rio e desaparecendo misteriosamente.

O rio foi importante até o século XIX quando homens preferem as tropas de mulas, menos perigosas. No final do século XIX e início do XX desenvolveu-se a prática esportiva e, embora a poluição já fosse um problema no Tietê nas primeiras décadas do século XX, ainda não havia comprometido tão grave.

Fonte: DECADÊNCIA, Retificação e. c2015. Departamento de Águas e Energia Elétrica. Disponível em: <http://www.daee.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=796%3Aretificacao-e-decadencia&catid=54%3Aparques&Itemid=53> Acesso em: 16/05/2016

Retificação e Decadência

Nas primeiras décadas do século XX, desenvolveu-se o mito “São Paulo não pode parar”. Este processo de ocupação territorial e de industrialização ocorreu de forma “caótica”, não levando em consideração a sustentabilidade da cidade e sua qualidade de vida. O meio ambiente acabou sofrendo as marcas deixadas por esse “progresso”, com a ocupação de vales e escarpas, contribuindo para a impermeabilização dos terrenos.

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A preocupação com a retificação do Tietê é bem antiga. Em 1866, o então presidente da Província de São Paulo, João Alfredo Correia de Oliveira, afirmava sua necessidade, a fim de utilizar os terrenos das várzeas do Tamanduateí e do Tietê.

No final do século XIX a administração pública encarregou-se da organização de uma Comissão de Saneamento que estabeleceu o Tietê como responsável pelas cheias. Já na década de 20, surgiu a Companhia de Melhoramentos de São Paulo que reuniu sanitaristas e engenheiros que defenderam a necessidade de retificação do curso sinuoso do rio, além do desassoreamento de seu leito. No comando dos trabalhos estava o engenheiro sanitarista Francisco Rodrigues Saturnino de Brito, autor de diversos estudos sobre o Tietê.
Em relatório publicado no ano de 1926, Saturnino previa a preservação das áreas alagadas, as chamadas “coroas”, como recurso natural para ajudar na contenção das enchentes e servir de referência dentro da paisagem do parque fluvial urbano por ele imaginado para São Paulo. O seu projeto visualizava um grande parque metropolitano que seria a faixa do leito maior, preservado como várzea ao longo do rio para as grandes vazões do Tietê na época das cheias. Na foz de cada afluente deveria ser preservada uma área para constituir um lago. Assim, se formariam dois lagos, de 3 km de extensão por 1 km de largura, com uma ilha no meio.
Saturnino apontava as necessidades de preservação dos rios Tietê, Pinheiros e Guarapiranga como indispensáveis ao abastecimento de água não só na Capital como de grande parte do interior do estado. Previa, ainda, a construção de um emissário na Serra do Mar para o tratamento do esgoto em lagoas litorâneas.

O projeto de Saturnino de Brito foi descartado pela administração seguinte que preferiu implantar o “Plano de Avenidas”, elaborado pelo engenheiro - mais tarde prefeito de São Paulo, Francisco Prestes Maia, coordenador da Comissão de Melhoramentos do Rio Tietê. Essa comissão cuidou ainda do aproveitamento da várzea, projetando a construção de duas extensas avenidas marginais e de 20 pontes de concreto armado, permitindo, com isso, sua ocupação por loteamentos e logradouros públicos, além da instalação de um grande terminal ferroviário que centralizaria as comunicações com a Capital.

A várzea do Tietê não foi mantida, fez-se a canalização, e o rio sofreu com a instalação de empresas ao longo de suas margens. Assim, o processo de destruição da paisagem natural se baseou na ocupação do seu leito maior e no confinamento de suas águas em estreitos canais retificados. A ideia era construir uma avenida paralela ao canal do rio, uma rodovia urbana.

A opção escolhida foi intensificar a velocidade de vazão das águas, aumentando a declividade com a retificação do rio; e, depois, aterrar o máximo possível o antigo leito maior (as várzeas), a fim de, posteriormente, depois lotear e vender áreas públicas.

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O Tietê foi, assim, progressivamente sufocado pelo suposto “progresso” com a ocupação de suas várzeas, ocupação territorial, demográfica e industrial, sem controle. Os loteamentos se sucederam sem respeitar uma lógica ordenadora da cidade, mas levando-se em consideração apenas os interesses econômicos.

A partir daí, o rio caracterizou-se por problemas, os mais famosos: enchentes e poluição. As enchentes sempre foram constantes. O Tietê invadia suas várzeas e formava depósitos de moscas e pernilongos. Ocorreram enchentes históricas como a catastrófica de 1929 e, sucessivamente, os paulistanos sofrem com as cheias principalmente pela intensa urbanização que reduziu a área de absorção das chuvas, e por muitos planejadores terem desprezado a distribuição lógica das áreas de contenção das águas fluviais.

No que se refere à poluição do rio, embora hajam considerações a respeito já no século XVII, sobre exploração de ouro, o problema se agravou com o processo de industrialização. A cidade cresceu de forma desorganizada, sendo descarregados os esgotos industriais e ocupadas as suas várzeas. Nos anos 40 e 50 a situação fica ainda pior, quando o prefeito Adhemar de Barros resolveu interligar as redes de esgoto sanitários da cidade, fazendo-as desembocarem no Tietê.

No início dos anos 80 já era um rio imundo e mal cheiroso. Os biólogos assinalam que o Tietê foi submetido a dois processos: poluição e contaminação. Quem contribui para a poluição? Esgotos industriais, mas também a população principalmente utilizando o rio como depósito de todo tipo de coisa.

Fonte: DECADÊNCIA, Retificação e. c2015. Departamento de Águas e Energia Elétrica. Disponível em: <http://www.daee.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=796%3Aretificacao-e-decadencia&catid=54%3Aparques&Itemid=53> Acesso em: 16/05/2016